Protagonismo feminimo Quilombola - Projeto Mocambo

Projeto combate insegurança alimentar, promove igualdade de gênero e gera renda nas comunidades da Paraíba

A criação de galinhas caipiras com o uso de novas práticas de melhoria e aproveitamento dos recursos naturais e tecnológicos para a produção de ovos, biofertilizantes e biogás, pode gerar renda, segurança alimentar e protagonismo feminino nas comunidades quilombolas da Paraíba. O modelo de negócio socioeconômico e socioambiental é da Mocambo – Sistema Sustentável de Avicultura Naturalizada, vencedora da subcategoria Ideação (negócios em fase de formação) na categoria Negócios de Impacto da última edição do Prêmio Impactos Positivos. 

“Com a nossa participação começamos a ter maior visibilidade, fomos convidados para apresentar o nosso projeto em vários espaços: programas, e universidades aqui na Paraíba, fizemos muitas articulações a partir da campanha para conseguir votos. Fomos selecionados para o Rio Innovation Week e fomos aprovados no Centelha PB. Estamos sendo assessorados com as mentorias e os apoiadores, um pessoal que tem uma grande bagagem, e comprometimento. Temos aprendido muito e tudo isso tem nos tornado mais fortes”, conta a gestora do projeto Aline Carla. 

A dificuldade das comunidades quilombolas no enfrentamento e reconhecimento dos seus territórios e em superar situações de desemprego, insegurança alimentar e escassez de políticas públicas e um potencial de recursos naturais subutilizados fez com que mais cinco profissionais de João Pessoa se unissem ao idealizador do projeto Danilo Santos. Em abril deste ano, o protótipo começa na comunidade quilombola Sr. Do Bonfim, no município de Areia. 

“A avicultura naturalizada é um modelo de criação tradicional da galinha caipira associada a novas práticas de melhor aproveitamento dos recursos para superar a subsistência e gerar renda. Esta solução propõe o fortalecimento e a segurança alimentar destas comunidades, a transformação de todo o resíduo para produzir biofertilizantes e energia renovável e, principalmente, a promoção da equidade de gênero”, comenta Aline, que acrescenta que a maioria das famílias quilombolas são chefiadas por mulheres. 

Entre as proteínas mais consumidas no Brasil estão o ovo 19,1%, seguido pelo frango, 14,6%, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Este dado viabiliza a proposta que tem a venda do ovo caipira, da galinha caipira (pós período de postura) e do biofertilizante como principais produtos. A receita é adquirida através de uma consultoria, da incubação, do apoio técnico e do marketing, além do negócio poder ser replicado em outras comunidades em situações semelhantes. 

“O diferencial é que além da atividade principal, propomos a geração de renda através do aproveitamento do resíduo da avicultura e oferecemos o apoio e a formação técnica para que estas comunidades possam dar prosseguimento ao projeto de forma autônoma”, explica Aline que espera um investimento necessário de R$ 350 mil com prazo de retorno em dois anos e seis meses.