
Negócios de Impacto pela Sustentabilidade da Vida no Planeta COP30 – Belém do Pará, 2025
Às vésperas da COP30, nós – sociedade civil, empreendedores de impacto, investidores, comunidades tradicionais e empresas comprometidas – levantamos nossa voz coletiva para afirmar: não há mais espaço para neutralidade. O futuro precisa ser regenerado, e os negócios de impacto são contexto essencial dessa transformação.
O que está em jogo não é apenas a economia, mas a própria sustentabilidade da vida no planeta. Precisamos romper definitivamente com a lógica de negócios que concentra riqueza, monocultura e extrativismo, ignora externalidades negativas e silencia territórios e saberes. O tempo de esperar acabou: o momento é agora.
Negócios de impacto devem ser expressão viva do valor compartilhado – econômico, social, ambiental, cultural e espiritual. Prosperidade verdadeira só existe quando é coletiva, inclusiva e regenerativa.
Povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e comunidades periféricas, historicamente renegados e os mais vulneráveis às mudanças climáticas, devem ser protagonistas na nova economia. É preciso reconhecer suas práticas ancestrais, seus saberes e suas soluções como parte essencial das estratégias de mitigação e adaptação climática. A floresta não pode mais estar a serviço do capital: é o capital que deve estar a serviço da floresta e seus povos.
A individualidade não nos representa mais. Nenhuma organização, governo ou empresa pode enfrentar a crise climática de forma solitária. Somente o coletivo – diverso, plural e conectado – pode ser a alavanca do propósito maior, capaz de transformar soluções locais em ação climática global.
Os negócios não podem mais medir seu desempenho apenas em lucro e risco. O impacto positivo é a terceira métrica inegociável do século XXI.
A fórmula é simples: Lucro + Risco + Impacto = Esse deve ser o verdadeiro sucesso das organizações. E sua implementação exigirá coragem, responsabilidade, compromisso com o bem comum e reconexão com a nossa verdadeira natureza.
A inovação tecnológica deve estar a serviço da vida, não da exploração. Tecnologias tradicionais e saberes ancestrais já oferecem caminhos mais baratos, sustentáveis e eficazes. A Inteligência Artificial e os dados precisam ser usados com transparência, supervisão humana e diversidade de perspectivas, evitando vieses que ampliem desigualdades. Tecnologia bioinspirada deve aprender com a natureza para criar territórios inclusivos, resilientes e regenerativos.
Nunca foi tão urgente assumir nossa responsabilidade compartilhada e o poder da ação coletiva. Precisamos de negócios integrados à sociobiodiversidade, que eliminem desperdícios, fortaleçam comunidades e aumentem a resiliência diante das mudanças climáticas. O desafio é complexo, mas a força do coletivo já torna possível o que, sozinho, parecia inalcançável.
As vozes precisam ser fortalecidas, não salvas. Não podemos discutir mudanças climáticas sem reconhecer que justiça social e climática caminham juntas. A crise que enfrentamos não será superada por soluções isoladas: a justiça climática deve um esforço coletivo e o pilar central na construção de um futuro transformador, onde territórios, saberes e comunidades sejam protagonistas das soluções.
Educação é o nosso maior ativo. É por meio dela que ampliamos inteligências, cocriamos e preparamos as vozes do futuro para a regeneração. Investir em educação participativa é abrir espaços de fala, garantindo poder real a quem foi historicamente excluído. É resgatar valores ancestrais e humanos, aprendendo com os povos tradicionais, com a natureza e com a nossa memória coletiva.
Porque pessoas podem transformar os negócios, e negócios de impacto podem transformar o mundo. Que as organizações sejam instrumentos de mudança no tecido social do qual fazem parte, multiplicando oportunidades e prosperidade. Educação é o futuro em transformação.
Nossa Voz na COP30
Levaremos à COP30 a convicção de que os negócios de impacto não são alternativa periférica, mas condição essencial para a transição justa, inclusiva e regenerativa que o mundo precisa. Negócios de impacto representam a ponte entre inovação e justiça climática, entre economia e ancestralidade, entre a urgência da ação e o cuidado com as gerações futuras. Negócios de impacto são o exemplo vivo da nova economia, que precisam ganhar com política pública, investimento privado e participação da sociedade civil. São eles que podem transformar vidas, territórios e a própria lógica de desenvolvimento.
É preciso construir um futuro com as pessoas, e não apenas para as pessoas. Somente assim será possível gerar prosperidade real, agregando valor a toda a cadeia dos negócios e multiplicando impactos positivos em cada elo, do território à governança, do capital ao propósito.
O futuro precisa ser positivo, justo e regenerativo.
E só será possível se for construído em conjunto.
Plataforma Impactos Positivos
São Paulo, 02 de outubro de 2025